Eletrocardiografia

Validação do Vetorcardiograma obtido a partir das 12 derivações

 

O Vetorcardiograma tem seu valor indubitavelmente reconhecido no aprendizado dos fenômenos elétricos do coração e na complementação das informações obtidas no ECG. Apesar de tão antigo quanto o eletrocardiograma de 12 derivações, dificuldades históricas para a obtenção das representações vetoriais fizeram com que esse valioso recurso fosse relegado a um segundo plano.

Por um lado, os desenvolvimentos da Eletrocardiologia, e por outro dos recursos de computação presentes nos eletrocardiógrafos atuais, tornaram acessível a obtenção de Vetorcardiogramas, solucionando os problemas principais: custo do equipamento, forma de visualização e impressão e colocação especial dos eletrodos.

Dois métodos principais foram concebidos para a obtenção do Vetorcardiograma a partir das 12 derivações: o da Matriz inversa de Dower (1988) e o de Kors (1990).

Da mesma maneira que o Vetorcardiograma original, de Frank, esses métodos usam a matemática para, a partir dos potenciais obtidos na pele, obterem aproximações dos potenciais X, Y e Z que são as projeções do vetor elétrico do coração, para deles executar a representação espacial.

A principal diferença entre as aproximações de Frank e as que utilizam as 12 derivações é que estas demandam um maior número de cálculos. Todas são aproximações, pois as dimensões finitas do tórax, suas não uniformidades e a incerteza sobre a posição do centro elétrico do coração são fatores que impedem a obtenção dos potenciais X Y e Z ideais.

O fato é que o uso das aproximações de Frank, pelo seu pioneirismo tem seus significados amparados por uma longa experiência. As aproximações advindas das 12 derivações apresentam resultados gráficos com pequenas diferenças que, naturalmente, levaram a trabalhos cuidadosos de validação das conclusões clínicas.

Os métodos de Kors e da Matriz Inversa de Dower foram alvo desse escrutínio e foram validados para várias situações diferentes, entre as quais:

Método da matriz inversa de Dower:

Comparação da matriz de Dower inversa com outros VCG sintetizados:
A comparação de três métodos diferentes de síntese de VCG com o VCG de Frank mostrou a superioridade da matriz de Dower com relação às formas anteriores de obtenção de VCG sintetizado.
Vectorcardiogram Synthesized From a 12-lead ECG – Superiority of the Inverse Dower Matrix

Critério combinado (VCG sintetizado e ECG) para diagnóstico do Infarto do Miocárdio inferior e anterior (1995):
A combinação da informação vetorial do VCG sintetizado pela matriz inversa de Dower e do ECG de 12 derivações aumentou o desempenho no diagnóstico para infarto do miocárdio curado inferior e anterior.
Increased Sensitivity for the Diagnosis of Healed Myocardial Infarction Using Vectorial Information in the 12-Lead ECG, Journal of Electrocardiology

Diagnóstico de Infarto do miocárdio inferior usando o VCG sintetizado (1990):
O VCG sintetizado pela matriz inversa de Dower mostrou-se superior para identificação do infarto inferior do miocárdio quando comparado com o ECG de 12 derivações.
Improved ECG interpretation using synthesized VCG for the diagnosis of inferior myocardial Infarction 1990, Journal of Electrocardiology

Variação Racial no VCG derivado do ECG (1994):
Este trabalho, utilizando a matriz inversa de Dower, identificou variações em amplitude o que indica que critérios de diagnóstico vetorcardiográficos, quando baseado em amplitude, devem ponderar variações torácicas entre raças.
Comparison of the derived vectorcardiogram in apparently healthy whites and chinese, 1994, Chest.

Validação do VCG sintetizado em ondas P normais e Fibrilação Atrial (2005):
A onda P foi convincentemente preservada no VCG sintetizado pela matriz inversa de Dower e foi indicado como um método alternativo para se estudar a morfologia da onda P.
Can orthogonal lead indicators of propensity to atrial fibrillation be accurately assessed from the 12-lead ECG? 2005 European Society of Cardiology

 

Método de Kors:

Comparação da matriz de Kors com outros VCG sintetizados (1990):
A comparação da síntese do VCG pelo método de derivações quase ortogonais, método de Dower e pelo método de regressão linear (Método de Kors) mostrou as vantagens da matriz de Kors.
Reconstruction of the Frank vectorcardiogram from standard electrocardiographic leads: diagnostic comparison of different methods

VCG sintetizado pela matriz de Kors e análise de insuficiência cardíaca por dissincronia (2015):
Comprovou que o uso da matriz de Kors é justificado para a análise de insuficiência cardíaca por dissincronia mostrando boa correlação.
The synthesized vectorcardiogram resembles the measured vectorcardiogram in patients with dyssynchronous heart failure, Journal of Electrocardiology

 Validade do VCG sintetizado no cálculo do ângulo QRST (2010):
Esse estudo demonstra que o uso da matriz de KORS fornece estimativas melhores do ângulo QRST e propõem que seja preferida em relação à matriz inversa de Dower.
The spatial QRS-T angle in the Frank Vectorcardiogram: Accuracy of estimates derived from the 12-Lead electrocardiogram. Journal of Electrocardiology 2010

Influência da matriz de síntese no cálculo do ângulo QRST na predição de arritmias (2011):
Esses estudo mostrou que o poder discriminativo do ângulo QRST calculado pela matriz de Kors para indicação de terapia de CDI foi maior do que com a matriz de Dower.
Influence of the vectorcardiogram synthesis matrix on the power of the electrocardiogram-derived spatial QRS-T angle to predict arrhythmias in patients with ischemic heart disease and systolic left ventricular dysfunction. Journal of Electrocardiology 2011.

Histórico do Vetorcardiograma e uso do VCG sintetizado para diagnóstico e prognóstico (2015):
Descreve o conceito de vetor cardíaco, define análise e interpretação de VCG e aponta os caminhos futuros de uso do VCG para pesquisa e diagnóstico, recomendando o uso da matriz de Korz.
Vectorcardiographic diagnostic & prognostic information derived from the 12‐lead electrocardiogram: Historical review and clinical perspective. Journal of Electrocardiology 2015

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