Eletrocardiografia

A Análise de Variabilidade da Frequência Cardíaca

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A Variabilidade da Frequência Cardíaca: O que é?

O coração humano não funciona como um relógio perfeito. O intervalo de tempo entre um batimento e outro não é constante, mesmo que o paciente esteja em repouso. Isso faz com que a frequência cardíaca varie no tempo. A medida desta variação é chamada de “Variabilidade da Frequência Cardíaca”.

Em termos mais formais: a Variabilidade da Frequência Cardíaca (também chamada de variabilidade RR, ou VFC) é a medida da variação da frequência cardíaca entre cada par de batimentos do coração num determinado intervalo de tempo.

Na figura abaixo vemos dois traçados de ECG com a mesma frequência cardíaca média (no mesmo intervalo de tempo, o coração bateu a mesma quantidade de vezes). O primeiro traçado, porém, tem uma variabilidade de frequência cardíaca baixa (o intervalo entre batimentos sucessivos varia pouco), enquanto o segundo tem uma variabilidade alta (onde a duração do intervalo muda sensivelmente a cada batimento).

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Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca: Como se realiza?

A análise da variabilidade da frequência cardíaca é realizada a partir de valores medidos em intervalos consecutivos dos batimentos cardíacos num tempo que pode variar de 5 minutos até muitas horas.

Pelo grande número de batimentos envolvidos e pela precisão da ordem de milésimos de segundo com que se deve medir seus intervalos, é impraticável que esse processo seja realizado manualmente.

Na prática recorre-se a equipamentos e softwares que sejam capazes de gravar a frequência cardíaca, identificar com precisão os intervalos válidos entre batimentos sucessivos (NN), medi-lo (em ms) e então realizar as análises numéricas. Os resultados da análise de variabilidade da frequência cardíaca são divididos em dois grupos: resultados no domínio do tempo e resultados no domínio da frequência.

  • SDNN – Standard deviation of NN: desvio padrão de todos os intervalos NN.
  • SDANN – Standard deviation of averages NN: desvio padrão dos intervalos NN médios de cada bloco de 5 minutos de gravação. Este parâmetro fornece uma quantificação das variações lentas da variabilidade.
  • RMSSD – Root Mean Square of the Successive Differences: raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR consecutivos. Este parâmetro fornece uma quantificação das variações abruptas da variabilidade.
  • NN50: quantidade absoluta (contagem) de intervalos NN que diferem mais de 50ms em relação ao intervalo anterior.
  • pNN50: porcentagem de NN50 em relação à quantidade total de intervalos NN.

No domínio da frequência a variabilidade é tratada como um sinal de frequência variável e as quantificações são expressas em termos da distribuição da potência desse sinal. São números relacionados ao “ritmo” em que ocorrem as variações:

  • VLF – Very Low Frequency: potência contida na faixa abaixo de 0,04Hz.
  • LF – Low Frequency: potência contida na faixa de 0,04 a 0,15Hz.
  • HF – High Frequency: potência contida na faixa de 0,15 a 0,4Hz.
  • LF/HF: Razão entre as potências LF e HF.

Para se ter uma ideia da grandeza desses valores, abaixo exemplificamos uma tabela de valores encontrados numa análise de variabilidade de frequência cardíaca de 15 minutos feita em um paciente sem indícios de anormalidade:

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Em seguida, um exemplo prático de Relatório de Conclusão de um Software para Análise de Variabilidade de Frequência Cardíaca:

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Análise de Variabilidade da Frequência Cardíaca – Por que realizar?

Observando os valores dos parâmetros medidos na análise de variabilidade da frequência cardíaca, pode-se verificar, dentre outras coisas, se está havendo um equilíbrio “saudável” entre os sistemas simpático e o parassimpático.

A partir de pesquisas realizadas desde meados da década de 1980, surgiram grande quantidade de evidências indicando que o sistema nervoso simpático desempenha um papel importante na origem das arritmias cardíacas, incluindo arritmias ventriculares malignas, como a taquicardia ventricular e fibrilação ventricular. Por outro lado, o sistema nervoso parassimpático tem um papel protetor, diminuindo o risco de arritmias ventriculares malignas.

Por isso, o interesse na análise de variabilidade da frequência cardíaca tem crescido constantemente na medicina. As medidas da variabilidade RR no domínio do tempo e da frequência começaram a ser utilizadas pela como preditores de risco cardíaco, morte súbita e eventos arrítmicos não-fatais após infarto do miocárdio, além de aplicações na pneumologia.

Além disso, a análise de variabilidade da frequência cardíaca também vem sendo utilizada em larga escala para avaliação e orientação de treinamento de atletas amadores e profissionais.

 

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Existem diversos trabalhos publicados para enriquecer o conhecimento sobre esta interessante área da Eletrocardiologia, inclusive vários com acesso gratuito via Internet. Dentre estes, podemos citar alguns:

  • Aplicabilidade Clínica da Variabilidade da Frequência Cardíaca – Rev Neurocienc 2013;21(4):600-603 – Descreve sucintamente os principais parâmetros medidos pela análise. Também dá uma lista de exemplos onde disfunções clínicas se refletem em alterações de parâmetros da variabilidade destes pacientes.
  • R-R Variability from Standard 12 lead ECG may be useful for assessment of Autonomic Nervous Funcion (letter to the Editor)Indian J Physiol Pharmacol 2007; 51 (3) : 303–305 – Define com precisão matemática como se devem calcular os principais parâmetros da Análise. Tece recomendações sobre os requisitos técnicos dos equipamentos a serem utilizados para a aquisição e tratamento dos sinais eletrocardiográficos e a necessidade de se fazer uma padronização que garanta uma qualidade mínima aceitável. Apresenta a influência de diversos aspectos fisiológicos, patologias e interações clínicas (inclusive medicamentosas) nos parâmetros medidos pela Análise da Variabilidade. Apresenta de uma forma prática como se pode utilizar a Análise de Variabilidade para se estimar o risco de morte súbita cardíaca, isoladamente ou em conjunto com outros métodos de análise. Por fim, dá sugestões de como melhorar a Análise através de técnicas inovadoras ou outros estudos estatísticos a serem realizados no futuro.
  • Mechanism of blood pressure and R–R variability: insights from ganglion blockade in humans – Journal of Physiology (2002), 543.1, pp. 337–348 – Faz uma análise dos fatores que influenciam na variabilidade separando-os em fatores relacionados diretamente ao sistema nervoso e os fatores “não neurais”. Este artigo é um bom exemplo de aplicação da análise de variabilidade no domínio da frequência.

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